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domingo, 24 de outubro de 2010

Do você parle Deutsch? from site http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI140062-17141,00-DO+VOCE+PARLE+DEUTSCH.html

Do você parle Deutsch?

Com o advento de uma nova geração de tradutores automáticos, sempre mais eficientes e aperfeiçoados, estamos chegando ao tempo em que não haverá mais no mundo nenhum monoglota

Por Jack London*
Foto: Bruno de Lima
O renomado filósofo e ensaísta Leandro Konder recebe
 um e-mail de um amigo, convidando-o a fazer 
parte da sua linhagem de seguidores no Facebook.
 Incomodado com a qualidade do português utilizado
 na mensagem, Leandro reclama ao amigo, que
 rapidamente se desculpa alegando não ter mandado
 o tal e-mail. O texto, no entanto foi enviado 
automaticamente pelo Facebook, em nome do novato
 na rede social, e lá estava a expressão abstrusa e
 mal-amada: “acrescentar-lhe”. 

Essa introdução, cuja história é absolutamente
 verdadeira e aconteceu há poucos dias, serve apenas para entrarmos de viés
 no tema desta conversa: o mundo pós Babel. Não satisfeita em alterar modos
 de pensar, de se comunicar e de viver, ainternet agora nos propõe, num 
futuro breve, a unificação absoluta do mundo da linguagem e da expressão
 humana, sem no entanto liquidar nenhum idioma, ao contrário, liquidando
 especialmente a dominação das línguas francas que ao longo do tempo
 são as línguas mais poderosas, as eventualmente dominantes. 

No decorrer da história, humanos que não tiveram o domínio do grego, 
do latim, do francês ou do inglês eram (ou ainda são) apenas parcialmente
 capazes de viver com plenitude. 

Com o advento de uma nova geração de tradutores automáticos,
 sempre mais eficientes e aperfeiçoados, e com a possibilidade de em
 breve termos esses softwares como parte integrante de nossos
 sistemas operacionais em PCs, tablets, celulares e similares, 
estamos chegando ao tempo em que não haverá mais no mundo 
nenhum monoglota, pois falaremos ou digitaremos um texto em
 português e do outro lado da linha estaremos sendo traduzidos
 automaticamente em mandarim ou farsi. 

Sentadinhos em nossas cadeiras de praia, em qualquer parte 
de nosso farto litoral, estaremos ouvindo, vendo ou lendo 
mensagens, textos, vídeos, filmes originalmente postados em
 albanês ou sânscrito. Um mundo de monoglotas poliglotas. 
Esse é o fim da tal maldição de Babel, acima mencionada. 

Todos falando e compreendendo todas as línguas e falares deste
 vasto planeta. 
Se você acha que já estamos vivendo em outro mundo, em que
 você se delicia com seus 345 seguidores no Orkut, todos
 luso-parlantes, imagine estar em rede com centenas de milhares 
de seguidores mongóis, afegãos e islandeses, todos falando
 nossa velha língua pátria. Imagine no campo dos negócios e da
 integração de práticas comerciais qual será o impacto dessa boa 
nova. 

Certamente haverá sempre o que corrigir nas traduções on-line,
 não será nada fácil, por exemplo, ler Guimarães Rosa em búlgaro
 internético. Não estamos, no entanto, falando de sutilezas, mas 
sim do final de mais uma gigantesca barreira entre os homens:
 falar e ser compreendido, sem restrições, em todas as latitudes. 

Depois das barreiras geográficas, das barreiras de informação, 
vem aí a derrubada das barreiras linguísticas, meta jamais 
imaginada até ontem pela manhã. A promessa é de que
 em mais cinco anos cerca de 120 línguas estarão incluídas 
nos auto-tradutores que diversas empresas já apresentam ao mercado. 

Após “acrescentar-lhes” este aflito texto, arauto da poliglotomia 
(palavrinha complicada que acabo de inventar), faço uma súplica
 aos gestores do Facebook. 
Konder tem razão, tirem aquele “acrescentar-lhe” de lá, que
 mais não seja em homenagem aos nossos delicados e 
preciosos ouvidos. 

* Jack London fundou a Booknet, primeiro 
negócio virtual que ganhou fama no Brasil,
 e a Tix, empresa de comercialização de
 ingressos online. Agora, investe no cinema
 digital com a Multicine



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